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O projeto Mercados do Futuro realiza neste sábado (28), em Pedreira, o workshop Cidades Criativas e Cultura Digital, um mergulho investigativo nos fenômenos que ditam os rumos da Nova Economia. “Nós queremos mostrar como a dinâmica e o poder das redes sociais. E também como uma organização pode se articular em torno da causa em defesa do conceito das ‘Cidades Criativas’, disse o organizador do evento, jornalista campineiro Josué de Menezes — na foto com Juliana Neves e Marina Grande.
Josué é fundador do site Mercados do Futuro, que conquistou o Prêmio Nacional SEBRAE de Jornalismo na categoria mídias sociais este ano. “Esse workshop inaugura um novo momento do nosso projeto, somando com todo o trabalho em prol da Região do Conhecimento”.
Nessa chat-entrevista ao Oa Jundiaí, Josué de Menezes fala do conceito de Cidades Criativas e de como a cultura da inovação está ligada à sustentabilidade e ao empreendedorismo.
Flavio Gut: O mundo hoje se articula em redes. O que é o Hub de Cultura da Inovação e como ele está ligado ao movimento das cidades criativas?
Josué de Menezes: O Hub de Cultura da Inovação é uma comunidade de aprendizagem que tem como eixos temáticos a inovação, sustentabilidade e empreendedorismo. O conceito de cidades criativas tem ligação direta com esses valores e tem a proposta de gerar movimento, transformar sonhos em realidade. Ou seja, somos uma rede social e uma revista eletrônica de ativismo social. Uma ferramenta para motivar interações em torno de tecnologias sustentáveis.
FG: Como você define uma cidade criativa?
JM: Existem algumas características básicas. A forma de articulação em rede entre setores econômicos, sociais, culturais, iniciativa privada e organização não governamentais é um indicador importante. A inovação e a criatividade estão presentes na capacidade de gerar alianças estratégicas. Ou seja, a cultura digital permeia e oxigena movimentos, valendo-se das plataformas das redes sociais como elementos de convergência. Outro aspecto importante diz respeito ao novo olhar para o ambiente urbano. A cidade criativa sempre busca motivar a inspiração. Valoriza suas características singulares, realça aspectos da identidade. Esta visão também pode estar ligada a uma estratégia econômica, por exemplo. À medida que exista um planejamento, os movimentos criativos ganham significados mais abrangentes associados à novas oportunidades. Uma cidade criativa valoriza o alto astral, a renovação, a inventividade. É uma tendência mundial.
FG: Motivar a inspiração. Como isso acontece? Em termos práticos, o que uma cidade pode fazer para motivar a inspiração das pessoas? Criar um movimento?
JM: Existem coisas muito simples com efeito fantástico. As paredes e muros pintados de forma criativa, com cores e formas conceituais, por exemplo, dão um ar de que algo novo está acontecendo. Pequenos fragmentos e intervenções urbanas tem o poder de gerar inspiração, criar novas significações. À medida que os movimentos artísticos se articulam em rede, surgem festivais de arte. Estamos falando mais no sentido cultural, no entanto, também é possível repercutir a inventividade nas empresas, enaltecendo a criatividade dos setores produtivos.
FG: Jundiaí é uma cidade industrial e fortemente comercial também. E busca o equilíbrio entre essa força econômica e qualidade de vida. Como usar a força das redes como forma de trazer esse conceito de cidade criativa mais presente?
JM: Outro dia a Raquel Negrão, economista da Unicamp especializada em sustentabilidade, fez um comentário de que a Cultura Digital em Jundiaí é mais ativa do que a de Campinas. Uma observação interessante e vejo que tem tudo para proceder. A forte ligação com a capital é um fator a ser considerado. O mapeamento destas redes e movimentos já existentes é um passo fundamental para atrair interesse pelo tema. Identificar as vocações e entender como as coisas acontecem é essencial para buscar o equilíbrio entre as forças econômicas e qualidade de vida. O Brasil dispõe de muitas ferramentas e recursos para serem investidos neste campo. Um dos desafios neste momento é sensibilizar as autoridades. Na realidade, o pensamento dos nossos dirigentes é 1.0. Poucos gestores públicos despertaram para estes fenômenos. Ou melhor, já despertaram, já estão espertos e sabendo que as redes sociais estão mediando debates políticos, no entanto, a cultura digital é muito mais profunda do que administrar um perfil de “faz de contas” no facebook.
FG: Há realmente uma presença muito forte das pessoas nas redes sociais aqui. Por isso mesmo aposto em um produto de jornalismo totalmente digital. Mas como fazer com que essa participação das pessoas em rede se transforme em ação efetiva nas ruas?
JM: Esse é um desafio. No entanto, podemos afirmar que o terreno já está fértil. Observo que grande parte das pessoas estão navegando sem propósito, sem entender a força que isso pode ter para mudar as suas vidas. À medida que um projeto editorial como o seu cria aderência com valores, passa a defender uma causa de forma estruturada, a geração de movimento é consequência natural. Existem “cases” interessantes e trabalhos que já podem ser considerados modelos no Brasil e no Mundo. Ou seja, já contamos com exemplos práticos e resultados. No meu caso por exemplo, associei o jornalismo digital ao empreendedorismo. Nesse caminho fomos contemplados no 4º Prêmio Nacional SEBRAE de Jornalismo, na categoria mídias sociais. Isso já é um resultado expressivo. Concorremos com grandes portais, empresas sólidas e vencemos. Ou seja, é possível ser protagonista. Existem oportunidades no campo da inovação e um dos segredos é justamente tecer redes, saber se articular, dar vida e movimento aos nossos sonhos.
FG: Maravilha, cara. Vamos parar por aqui pra deixar um gostinho de quero mais.