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O que mais venho pensando esse dias é o seguinte: como capitalizar, efetivamente, as mudanças nas ruas e no comportamento das pessoas, transformando a forma de conduzir o país politicamente.
A principal lição que consigo perceber até o momento é que precisamos continuar pressionando. Sempre.
É preciso transformar a pressão explosiva em um mecanismo de ação permanente. Algo que vem sendo proposto pelo Partido X, na Espanha.
Veja o artigo de Kiko Nogueira a respeito do assunto
Como É O Partido X, O Partido Do Futuro
Pois o que estamos vendo até agora é um jogo de alta pressão. Nas ruas, manifestantes defendem as mais variadas causas, boa parte delas empurradas pela barriga por governantes não conectados.
E, nas alta cúpulas de governo, reações baseadas na pressão que vem das ruas.
Um exemplo disso é a derrubada da PEC 37, que, caso aprovada restringiria o poder de investigação do Ministério Público. Eu vinha estudando o assunto e buscando uma forma de compreender se a aprovação ou não seria benéfica ou prejudicial.
Em conversa com um juiz ouvi que, na verdade, não seria mesmo função do Ministério Público investigar, mas sim pedir investigações à polícia.
Mas, como a polícia tem lá suas dificuldades, o Ministério Público acabou sendo a única forma efetiva de enquadrar os meliantes (especialmente políticos).
A PEC 37, na pressão, foi rejeitada. E o Ministério Público vai continuar com seu poder de investigação.
Mas seria essa uma boa solução de longo prazo? Não teria a Ordem dos Advogados do Brasil também razão ao defender que o Ministério Público exerça sua função apenas de promotoria?
Não tive tempo para aprender mais a respeito e chegar a uma conclusão.
E assim, da mesma forma, corrupção agora é crime hediondo aprovado pelo Senado (vai para a Câmara). O que isso efetivamente muda quando se pensa em colocar na cadeira corruptos e corruptores?
São apenas exemplos de como a pressão é benéfica para que as coisas realmente caminhem.
Mas sinto falta ainda de mais reflexão.
O que podemos perceber é que com essa pressão conseguimos derrubar as tarifas de transportes em diversas cidades, chamar a atenção para a farsa da Copa do Mundo e seus legados, e, especialmente, mostrar que a política só anda na porrada.
Quando a presidente decide receber os meninos do Movimento Passe Livre e eles saem do gabinete dela dizendo que Dilma é despreparada para tratar de transporte público, isso mostra que algo mudou.
Mas pra que a mudança seja consolidada é preciso transformar. Caso contrário, uma vez que a pressão baixe, o ritmo também será menor.
Por isso, acredito, que o grande legado das manifestações é a construção de um novo modelo, onde as vozes das pessoas possam ser ouvidas a cada grande decisão.
Não podemos deixar mais que quem recebe um mandato esqueça de que existe um compromisso com aquilo que disse em campanha.