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Este assunto parece relegado a um segundo plano nesse mar de terríveis notícias do Brasil pós-ruptura institucional, mas essa é a verdadeira crise planetária. Uma crise que afeta a todos, indistintamente.
O planeta Terra pede socorro. Ano após ano a atmosfera está mais quente. O ano de 2015 bateu um novo recorde em emissão de gases do efeito estufa e aumento das temperaturas no planeta.
Provavelmente poucos candidatos nas eleições municipais de outubro dedicarão algum tempo para falar do assunto. Mas este, na verdade, é o grande assunto e deveria estar na pauta de qualquer candidato, a qualquer cargo em qualquer país.
O relatório O Estado do Clima, realizado todos os anos pela Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (conhecida de modo geral por sua sigla em inglês, NOAA), expõe em sua última edição uma tonelada de dados que levam a uma conclusão inquietante: mais secas e mais inundações, e está constatado o degelo dos polos.
Segundo essa agência, o fenômeno cíclico El Niño, relacionado com o aquecimento do Pacífico, foi no ano passado o mais forte desde pelo menos 1950, o que contribuiu, junto com o aquecimento global, para que pela primeira vez fosse superada em mais de um grau centígrado a temperatura média de meados do século XVIII, que é o período que se considera representativo das condições de vida pré-industriais.
Com relação a um 2014 já recorde, o aumento alcançou 0,1 grau centígrado. E 2016 também aponta para máximas preocupantes, já que os seis primeiros meses foram os mais quentes em décadas.
“El Niño foi no ano passado uma clara recordação de como os acontecimentos de curto prazo podem amplificar a influência relativa e os impactos que procedem das tendências de longo prazo no aquecimento global”, afirma o documento.
O extenso relatório da NOAA, elaborado por 450 cientistas de todo o mundo e divulgado nesta terça-feira, 3, assinala também que o nível dos oceanos está 70 milímetros acima do de 1993.
Perto do equador, no ano passado o número de tempestades com nome também supera em boa medida a média anual do período 1981-2010. E a temperatura do Ártico foi 1,2 grau superior à desses mesmos anos.
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