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No momento em que um novo governo se prepara para assumir o comando da cidade, um assunto que ficou praticamente em segundo plano durante o governo atual deve voltar à pauta: as mudanças climáticas.
O assunto deve ficar a cargo do gestor de Desenvolvimento Sustentável (o que na estrutura atual equivale ao cargo de secretário), Sinésio Scarabello Filho, mas de alguma maneira poderá contar com a contribuição do vice-prefeito, o médico Antônio de Pádua Pacheco, filiado ao Partido Verde, base da coalização que elegeu Luiz Fernando Machado.
O plano de governo propriamente dito ainda não foi anunciado pelo prefeito eleito. Não está claro qual é a cidade do futuro dos planos de Luiz Fernando e sua equipe, mas é certo que Jundiaí não pode estar fora do contexto global de uma crise climática sem precedentes e que exige criatividade e comprometimento.
No início do mês, na Cidade do México, a coalizão C40 premiou 11 cidades de todo o mundo por seus esforços inspiradores e inovadores na luta contra a mudança do clima — a informações são da revista Página 22.
Liderada pelo ex-prefeito de Nova York (EUA) Michael Bloomberg, a C40 reúne prefeitos engajados na ação climática no nível local, uma frente crucial para o sucesso de qualquer iniciativa para conter o aquecimento global e reduzir seus impactos sobre o clima global.
“Os prêmios reconhecem o melhor e mais audaz trabalho realizado pelos prefeitos para combater a mudança do clima e proteger as comunidades de possíveis riscos”, explica Bloomberg, que também é representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para cidades e mudança do clima.
“Os projetos ganhadores mostram o enorme progresso que está sendo feito em cada continente e que servem de inspiração para outras cidades. Eles também mostram como as cidades podem ajudar para que o mundo possa cumprir com os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris”.
Relacionamos aqui os projetos premiados como forma de inspiração para o futuro governo local.
Os projetos foram selecionados por um painel formado por ex-prefeitos, especialistas em clima e urbanistas, que destacou iniciativas de planejamento urbano e de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), além de aumento de resiliência urbana aos efeitos da mudança do clima.
Nesta edição, a premiação reconheceu projetos em dez categorias: adaptação, avaliação e plano de adaptação, comunidades sustentáveis, desenvolvimento financeiro e econômico, eficiência energética, energia limpa, equidade social, plano de ação climática e inventário, e resíduos sólidos.
Dentre as cidades premiadas, destaque para a cidade de Curitiba, a única brasileira na relação de premiados pelo C40 neste ano.
Confira a relação de cidades premiadas:
Adis Abeba – Transporte: O uso de veículo leve sobre trilhos (LRT) melhorou o sistema de transporte público da capital etíope e criou mais de 6 mil postos de trabalho. O potencial de redução de emissões acumuladas de GEE pela adoção desse modal de transporte está previsto em 1,8 milhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) até 2030.
Copenhague – Adaptação: A capital dinamarquesa está implementando um plano de gestão para o aumento do nível do mar e a ocorrência de chuvas torrenciais, composto por um sistema integrado de “ruas verdes” e de pequenos parques, com o propósito de criar áreas de retenção e absorção de água pluvial.
Curitiba – Comunidades Sustentáveis: A representante brasileira na premiação deste ano foi reconhecida pelos seus projetos de agricultura urbana, que tem como propósito tanto capturar CO2 na terra quanto reduzir as emissões associadas ao transporte de alimentos e os resíduos decorrente desse processo, além de reduzir as “ilhas de calor” na cidade e de educar crianças e adolescentes para práticas de preservação ambiental.
Calcutá – Resíduos Sólidos: O projeto de melhoria de gestão de resíduos sólidos da cidade indiana logrou a separação de resíduos entre 60% e 80% (dependendo da localidade). O projeto prevê a eliminação da disposição a céu aberto e a queima de resíduos, de maneira a limitar a emissão de metano decorrente da sua decomposição.
Sydney e Melbourne – Criação de Eficiência Energética: O programa CitySwitch Green Office busca incentivar a implementação de planos de eficiência energética na construção civil nas duas maiores cidades da Austrália, de maneira a evitar e emissão de quase 50 mil toneladas de CO2e por ano.
Paris – Avaliação e Planos de Adaptação: A estratégia de adaptação da capital francesa busca abordar desafios associados à mudança do clima no ambiente urbano, tais como ilhas de calor, inundações, poluição atmosférica e escassez de água.
Portland – Planos de Ação Climática e Inventários: Maior cidade do estado norte-americano do Oregon, Portland possui um plano de ação climática que estabelece um conjunto de ações a ser implementado até 2020 de maneira a reduzir as emissões de GEE em 40% antes de 2030 e em 80% até 2050. O plano traz iniciativas como o incentivo ao uso de transporte público e de modais com menor impacto de emissões de GEE, como bicicleta e automóveis elétricos.
Seul – Equidade Social e Mudança do Clima: A capital sul-coreana possui um plano de ação público-privado para garantir as necessidades energéticas da população de Seul e, ao mesmo tempo, reduzir tanto as emissões de GEE associadas a energia quanto o próprio consumo de energia, com investimentos em eficiência energética e tecnologias mais econômicas no consumo energético. No ano passado, esse plano financiou a adaptação energética de quase 1,3 mil residências por toda a cidade.
Shenzhen – Desenvolvimento Financeiro e Econômico: Com uma população de 15 milhões de pessoas e uma taxa média anual de crescimento de quase 10% na última década, Shenzhen é uma das cidades que mais crescem no mundo. Para reduzir o impacto desse crescimento nas emissões de GEE da cidade, o governo local implementou um sistema de comércio de emissões que reúne mais de 635 empresas.
Yokohama – Energia Limpa: O projeto de smart city de Yokohama tem como objetivo gerenciar o uso de energia de maneira efetiva. O plano estabelece o objetivo de reduzir as emissões desta cidade japonesa em 80% até 2050 a partir de esforços que envolvem o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil.
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