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Afonso Peche Filho
Os problemas de poluição, assoreamento dos rios e lagos, cheias e inundações, escassez de água, erosão, desmatamento e perda acelerada da biodiversidade, são temas que impressionam e sensibilizam pessoas, cidadãos metropolitanos e urbanóides.
Causam profunda tristeza nos rurais, nos ribeirinhos e nos caipiras. O espaço que criamos, nossas atitudes e compromissos com a natureza vão conformando esta impressionante e cambaleante situação dos rios e das matas nos territórios municipais.
O atual modelo de desenvolvimento econômico vai construindo uma sociedade indiferente com os ecossistemas locais, repressiva com a vida, competitiva e violenta com a natureza. Cria cada vez mais um mundo encarcerado nas quatro paredes do individualismo. Cada vez mais setorizado nos interesses estratégicos e distantes do coletivo. Amedronta a sociedade e institui o medo de um futuro amargo e triste.
Será que é esta a sociedade que sonhamos?
Será que somos tão perversos a ponto de criar tendências suicidas, de buscar a autodestruição?
Será que a generalização do medo vai sobrepor à esperança?
Eu acredito que não.
Estou convicto que é possível uma cooperação social para mudar esta situação. É possível criar formas para a sociedade tratar adequadamente as agressões ambientais que vem patrocinando. É possível redesenhar o desenvolvimento para uma escala mais humana, sem frear a economia. É possível criar formas de sociabilidade ambiental, relações sociais estabelecendo entre seus membros o compromisso ético de conviver harmoniosamente com a natureza. Maneiras de cidadãos, profissionais, e segmentos da sociedade se relacionarem com muito mais respeito e compreensão com todas as formas de vida.
O caminho lógico para essa necessária e urgente cooperação social passa por organizar oportunidades de diálogos, atividades dialógicas com as distintas formas de estruturas sociais da cidade. Diálogo familiar, na escola, no trabalho, no bairro, na igreja, nas associações e sindicatos, nas torcidas organizadas. Nos mais diferentes cantos da cidade.
A sociedade urbana vive no concreto e necessita de natureza para o bem estar. A sociedade agrícola vive no rural e necessita da natureza equilibrada para ganhar o seu desenvolvimento.
A sociedade moderna se importa com a natureza, valoriza a natureza vive para a natureza. A sociedade moderna sabe que não é possível continuar neste indiferente ritmo de destruição. Sabe que não deve mais patrocinar a fragilização dos ambientes naturais.
O medo de organizar uma sociedade mais humana não vai sobrepor a esperança de um município melhor, de vidas melhores, de um mundo com a presença do ser humano.
Afonso Peche Filho pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas – IAC