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O pesquisador Afonso Peche Filho fala da agricultura no Outono, estação que começa nesta segunda-feira (20) junto com o Ano Novo Astrológico. Em suas palavras ele escreve sobre plantas e cuidados com a terra, mas a essência de seu artigo é o profundo amor pela Natureza.
Numa cidade que sustenta o título de Terra da Uva, e recentemente aprovou um Plano Diretor que amplia a área rural, as palavras de Peche Filho ganham força ainda maior.
Por Afonso Peche Filho
Com o avanço do conhecimento em agricultura tropical o outono passa a ser estratégico para as atividades de boas práticas agrícolas.
No Hemisfério Sul, o outono inicia no dia 20 de março e termina no dia 20 de junho.
É um período climático caracterizado pela diminuição das chuvas torrenciais, por mudanças bruscas de temperatura, pela diminuição da umidade do ar, pelas noites mais longas que os dias, e por fim pela maravilhosa beleza cênica causada pelo por do sol e por mudanças na coloração das folhas das árvores.
Ocorre também, a maioria das colheitas agrícolas de grãos como a soja e o milho, de frutas como o caqui, a melancia e tangerinas. No outono se planta adubos verdes e as culturas de inverno. E assim a estação é a transição de uma agricultura de verão para uma agricultura de inverno.
O outono é o período recomendado para iniciar o “plantio direto”. Sistema tecnológico considerado como uma das maiores inovações da agricultura nos últimos cinqüenta anos. Com chuvas brandas é possível realizar, se necessário, a calagem associada com uma mobilização de sistematização do solo.
Assim, recomenda-se um ultimo preparo, mobilizando o solo com a finalidade de incorporar o corretivo e corrigir “cicatrizes de ocupação” como é o caso de eliminar sulcos de erosão, velhos carreadores ou “caminhos” operacionais.
A sistematização de outono prepara o solo para a instalação da cultura de inverno que vai propiciar o inicio de uma cobertura vegetal com a qualidade tão necessária e característica no plantio direto.
Após a colheita da cultura de inverno vem o manejo da palhada e dar-se o inicio da implantação do sistema com a semeadura direta da cultura de verão.
Como as condições climáticas do outono são muito favoráveis é possível alcançar também, altos padrões de qualidade nas operações de adequação do perfil cultural do solo para receber a cobertura vegetal de forma definitiva.
No outono é recomendável a instalações de práticas conservacionistas para “readequação hídrica” do terreno em áreas de pastagens degradadas. É necessário restabelecer no solo as condições naturais de infiltrar, captar, conduzir e dissipar as águas das chuvas, além, de proteger a superfície do impacto direto das gotas.
No passar dos anos, a ocupação e uso das terras com pastagens nos moldes do manejo tradicional provoca diminuições significativas na velocidade de infiltração e na capacidade de armazenamento de água.
Com chuvas torrenciais do verão, o escorrimento superficial aumenta a cada ano, provocando estragos como a erosão, assoreamentos e poluição de cursos d’água. A degradação do solo torna o ambiente do pasto muito vulnerável as ações da água e do sol.
Como a reforma exige uma forte mobilização para correção dos problemas, as operações fragilizam ainda mais o solo deixando-o muito suscetível a erosão.
Nestas condições, o outono torna-se o período ideal para a implantação de práticas mecânicas para aumentar a infiltração e a captação de água, como é o caso do terraceamento e caixas de acumulação.
É o período ideal para construção de canais de condução e dissipação das águas excedentes, bem como da semeadura do capim que ainda tem umidade suficiente para germinar e cobrir adequadamente o solo.
Antonio Peche Filho é pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas – IAC