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Uma simples escolha: o que comer hoje? Uma simples escolha que, no entanto, pode mostrar quem somos, o que queremos para nós mesmos e para o planeta.
E fazemos essa escolha todos os dias. E diversas vezes por dia. Durante toda a vida.
Uma escolha que, antes de tudo, não é propriamente uma escolha. É a nossa necessidade de sobrevivência. Sem alimento e água não vivemos. Simples assim.
Portanto, comer e escolher o que comer é o ato mais importante de nossa vida terrena. Sem comida e água não estaríamos (estaremos aqui).
Nossa vida na Terra depende dessas escolhas e, sobretudo, de ter o que escolher.
Mas em um planeta onde habitam 8 bilhões de seres humanos, porém, nossas escolhas individuais trazem com elas um impacto gigantesco em como tratamos a Terra e como contribuimos para uma vida mais saudável. Ou não.
Em geral, essas escolhas acontecem mais ou menos no piloto automático. Ir ao supermercado, olhar as prateleiras e comprar quase sempre mais do mesmo. A primeira escolha depende do bolso. Escolher o que comprar com o que se tem disponível.
Pra grande parte da população essa é a primeira escolha: fazer o possível e sobreviver com o possível.
Mas mesmo quem não se preocupa com o quanto pagar vai precisar escolher.
E quase tudo dentro de um supermercado tem rótulo, tem marca. E tem uma grande empresa ou mega corporação no controle. Alguém no comando da escolha muito além da gôngola.
E muito do que há disponível obedece a um padrão de mesmice: batata, batata-doce, alface, salsinha, arroz, feijão, tomate e, pra quem ainda consegue, carnes.
[Digo quem ainda consegue porque eu mesmo não como nada de origem animal – portanto, o que escrevo aqui tem um viés ideológico, obviamente. Aliás, como tudo que fazemos na vida. Cada com seus pensamentos e convicções].
E a rotina do comprar, muitas vezes as mesmas marcas, os mesmos produtos, leva a uma rotina do comer, do padrão semanal, mensal, anual
E aqui o que parece ser uma escolha, na verdade é mais um passo dentro da Matrix. Onde achamos que escolhemos mas há quem escolha por nós.
E cada escolha traz suas consequências. Nem sempre positivas.
Pois vivemos numa teia de interconexões. Não há planeta B. Nossas escolhas afetam o mundo em que estamos inseridos. Somos responsáveis. E a mudança de paradigma depende de cada um de nós. É nossa responsabilidade.
E está ao nosso alcance escolher o que comemos. Pelo menos em grande parte das vezes.
Há alguns padrões que, ao longo do tempo, estão se alterando. Pois, mais e mais gente no mundo começa a perceber que existem novos caminhos.
Não parece óbvio que para comer carne é preciso matar um boi. Não foi você quem matou? Mas alguém matou. Não tem como fugir disso.
E para ter um boi gordo pra matar é preciso deixar o bezerro crescer. E o boizinho pra crescer precisa de comida e água. E pra ter comida é água é preciso pasto. E para ter pasto, na maioria absurda das vezes, é preciso desmatar uma área de floresta.
Portanto, se você come carne está, indiretamente, patrocinando o desmatamento de florestas. É sua escolha.
Na prateleira do supermercado há diversas marcas de produtos (algumas nem poderiam ser chamadas de comida) feitas com sementes transgênicas. Há uma obrigatoriedade, pelo por enquanto aqui no Brasil e em alguns países, que seja explítico no rótulo que o produto é feito com plantas transgênicas. Um T bem pequeno numa área pouco visível e não muito bem explicada.
E daí? Quem liga? Como saber se o milho da pipoca é ou não transgênico? E se for transgênico, que isso muda na minha vida?
Algumas pistas: a Natureza produz tudo que a Humanidade precisa. A Natureza é, por si, abundante. E tudo que comemos vem da Natureza.
As grandes empresas (e essas são globais e mais poderosas que muitos países) produtoras de sementes são as mesmas produtoras dos chamados agrotóxicos, substâncias químicas poderosas utilizadas para matar tudo que não seja a planta escolhida para viver naquele local. Tipo soja ou milho ou algodão.
São imensas companhias que visam, obviamente, lucro — leia Vandana Shiva.
E como ter lucro vendendo sementes, se um pé de milho é capaz de gerar sementes para toda uma plantação no ano seguinte? Simples: criando sementes transgênicas, patenteadas. Sementes que só se reproduzem uma vez.
Então todo ano o agricultor precisa comprar sementes outra vez. E junto com a sementes defensivos agrícolas, outro nome dos agrotóxicos. E assim, cria-se a dependência economia e química.
A consequência disso é que os agricultores ficam cada vez mais pobres e as companhias produtoras de agrotóxicos e sementes cada vez mais poderosas.
É uma teia interconectada ecológica e economicamente. — Leia Daniel Christian Wahl.
São dois exemplos. Existem outros.
Se você escolher comprar hortaliças e legumes do produtor próximo da sua casa ao invés de comprar nos grandes supermecados, onde os produtos, em geral, não têm garantia de estarem livres de defensivos agrícolas, você estará contribuindo não apenas para melhorar sua própria saúde, mas auxiliando a quem vive da terra a ter mais dignidade e continuar plantando alimentos saudáveis.
É, como disse anteriormente, uma escolha.
E qual a razão para escolher algo que vem da terra naturalmente? Saúde. Vida.
Uma planta, para viver, precisa de água, sol e solo fértil. O solo é a chave da vida. As plantas são interconectadas num ecossistema mais complexo que a rede de computadores global. Elas se conectam por suas raízes.
Não há monocultura na Natureza. Plantas vivem juntas, se complementam. São seres vivos fundamentais para a nossa existência. Plantas não são máquinas de fazer comida, são seres integrados à Natureza [com a gente dentro].
É por isso que existe no mundo uma corrente cada vez maior de pessoas se acordando para essa realidade e escolhendo viver de uma forma mais equilibrada e em contato com a Natureza, seja vivendo diretamente no campo, numa vida mais simples, ou se integrando suas escolhas a essa rede.
A Permacultura e os Sistemas Agroflorestais, a agricultura natural e outras formas de produzir alimentos de forma equilibrada ganham espaço a cada dia. — veja essa ideia, uma casa para cheirar e comer.
Essa é a forma de reequilibrar a Terra e recuperar a saúde do planeta e das pessoas.
Tal qual a planta depende de um solo saudável para crescer com saúde, também nós precisamos de alimentos saudáveis para ter saúde.
Já está óbvia a ligação entre alimentação de má qualidade e doenças. É hora de escolher outro caminho se almejamos um futuro indidivual e coletivo melhor.
Pois então, lembre-se que sua escolha de hoje pode determinar seu futuro e o futuro da Humanidade na Terra. Escolha pelo caminho da diversidade e da integração com a Natureza.
Observe, perceba o quanto somos dependentes dessa Natureza, e escolha o que vem diretamente dela.
Invenções transgênicas, alimentos processados – alimentos? Não deveriam ser chamados assim – comida rápida e outras porcarias são escolhas que trarão consequências para sua saúde e a saúde da Terra.
Ao escolher, pense que sua escolha pode ser decisiva para um futuro mais justo e mais humano.
Foto de abertura: Family Food Garden