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Cada um de nós em seu ambiente está buscando, a seu jeito, suas respostas. Mas para encontrar boas resposta é preciso, em primeiro lugar, encontrar boas perguntas. Então, que perguntas podemos fazer para nos auxiliar a entender o mundo pós-pandemia?
O primeiro problema para encontrar essas perguntas é viver em um País onde até a maior questão de saúde do Planeta está relegada a um segundo plano em razão de tantas e outras tantas questões de sobrevivência.
Em alguns casos, sobrevivência física. Conseguir comida, água. Em outro, sobrevivência emocional e psicológica diante da barbárie. No Brasil de hoje a morte não causa mais espanto. Já não causava, mas agora ficou isso ainda mais evidente.
E não pra todos. Há muitas e muitas formas de viver e compreender a vida da sociedade. E o Brasil de hoje vive a desigualdade também na forma de perceber.
Mas, digamos, que alguns de nós está respeitando a quarentena, tomando cuidados de saúde e ligados no grande problema global onde milhares e milhares de pessoas estão perdendo a vida.
Mais além, podemos pensar quem alguns de nós já não pretendem viver a vida como ela era antes.
Então surge uma primeira pergunta entre as perguntas podem nos auxiliar a entender o mundo pós-pandemia.
Qual será o novo normal?
Essa já se tornou uma das clássicas perguntas nos tempos de quarentena e coronavírus. Ma é fundamental, pois o normal não será mais normal como antigamente.
Mas para pensar um novo normal é preciso, antes, olhar para aquilo que se considerava normal antes.
Um exemplo:
A crise financeira decorrente da pandemia por si só será um motivo para que as pessoas economizem mais e revejam seus hábitos de consumo. A ideia de “menos é mais” vai guiar os consumidores daqui para frente. As pessoas devem rever sua relação com o consumo, reforçando um movimento que já vinha acontecendo. “Consumir por consumir saiu de moda”. Escreveu o jornalista e analista de tendências Clayton Melo.
Obviamente, esta análise serve apenas para quem consegue ter os chamados hábitos de consumo. Ou seja, aquele que depois de pagar todas as contas do mês ainda pode pensar em consumir além do básico.
Para a maioria, no entanto, viver o básico, o menos que é mais, que é essencial, é a regra.
Por outro lado, é preciso levar em consideração que existe uma parcela importante da sociedade que tem realmente hábitos de consumo, provavelmente os mesmos hábitos que a parcela ainda fora do mundo consumo teria se pudesse.
Então, quando é preciso ficar em casa, uma pergunta importante surge:
O que é que eu realmente preciso para viver?
Essa é realmente uma pergunta motivadora. Tenho conversado com muitas pessoas que, como eu, estão vivendo um momento de trabalhar em casa. E o sentimento é geralmente o mesmo: precisamos de muito pouco pra viver e muitas das coisas que costumávamos fazer talvez não façam mais sentido.
No mundo do trabalho, por exemplo, esse tendência de trabalhar de casa é mais do que óbvia. Muitas empresas e profissionais já faziam isso opcionalmente. Mas com a quarentena ficou claro que esse jeito de trabalhar funciona de verdade.
Outra constatação é que, na realidade, além de água e comida, precisamos de muito pouco para viver. Não queremos só comida, é claro, todo mundo quer amor de verdade. Queremos diversão e arte. Mas sem água e comida simplesmente não estaríamos aqui.
Então, se é esse é nossa prioridade, que tal começar a pensar de onde vem nossa água e nossa comida. Essa é outra tendência. Ou outra pergunta:
De onde vem a água e a comida que preciso para viver?
Pra quem vive o mundo da antiga normalidade a resposta é bem simples: do supermercado. Mas no mundo pós-pandemia talvez seja preciso acrescentar alguns ingredientes.
Essa é outra daquelas perguntas podem nos auxiliar a entender o mundo pós-pandemia.
Uma das coisas importantes para perceber é que o chamado agronegócio não produz comida. Quem nos alimenta diariamente com suas verduras e legumes e frutas são pequenos agricultores, geralmente de agricultura familiar.
A água, pra muitos de nós, vem da torneira.
Só aí já temos dois problemas que se conectam a um problemão bem maior. Sem clima favorável não se produz alimentos e sem florestas e natureza não existe água.
O mito do crescimento infinito sempre deixou de lado uma verdade óbvia: a Terra, essa planeta azul em que vivemos, tem limites sim. E esses limites hoje estão diante de nossos olhos.
Portanto, se escolhermos melhor o que comemos e entendermos de onde é que vem e por que é que vem essa água e esse alimento, vamos poder definir mais claramente um caminho para o futuro.
Não haverá normal como antes
Uma certeza é de que o mundo não será mais o mesmo depois da pandemia. É impossível saber o que surgirá, mas é óbvio que a vida pós-corona terá outro significado com impactos importantes nos mais variados campos.
Algo que se pode anotar, quem sabe, é uma tendência ao valor local. Como no caso dos agricultores. Afinal, quem é que planta nossa comida? Ou, quem sabe, que tal a gente plantar nossa própria comida? Pode ser um caminho.
Mas vai mais além. Pois a crise também bloqueou as rotas do comércio internacional. Há navios e aviões parados no mundo todo. Aquele produto baratinho que chegava do outro lado do mundo não chega mais.
Não seria a hora de produzir localmente, novamente?
Produzir perto. Morar perto. Ficar mais em casa. Trabalhar o suficiente com alegria. Conviver mais com quem se ama. Fazer no tempo que se tem o melhor que podemos para seremos verdadeiramente felizes, pois a vida, passa muito rápido.
Momento mítico, hora de parar e refletir
Há alguns anos, em uma pequena grupo de estudos em Londres, a contadora de histórias e professora Sue Hollingsworth me apresentou um conceito que ela denominou “momento mítico”. No contexto de uma história pessoal, esse momento pode encapsular uma experiência alucinante, uma sensação de admiração por algo magnífico ou terrível, ou uma notícia chocante após a qual a vida nunca mais será a mesma. A característica definidora de momentos como esses é que o tempo parece desacelerar, esticar e até parar completamente, o universo e seus eventos se desenvolvem pausados em um breve hiato, como o pêndulo suspenso no topo de seu balanço antes de uma nova perspectiva surgir a visão e o movimento são retomados. Escreveu Vanessa Spedding, jornalista e ativista.
A pandemia é esse momento mítico, mesmo que pra muita gente a percepção ainda não tenha chegado.
Estamos naquele momento em que o pêndulo está suspenso no topo de seu balanço antes de uma nova perspectiva surgir. Momento importante de parada que pode desenhar um futuro mais humano. Depende de nós. Depende de fazer as perguntas certas.
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