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A Ponte Torta pixada e o longo caminho a percorrer

A Ponte Torta amanheceu pixada nesta quinta-feira. Dá pra ver ali na foto, bem na base, a inscrição TMT. O autor conseguiu entrar para a história como o primeiro a lembrar o quanto ainda estamos distantes de uma sociedade esclarecida.

Li, certa vez, que os pixadores pixam para deixar sua marca. E assim conseguem aparecer num mundo onde as pessoas não existem como gente. Ao pixar, os autores mostram a essa sociedade que os exclui que eles estão ali.

Do ponto de vista filosófico e diante da atual brutal desigualdade isso é até compreensível. Mas, no fundo no fundo, que forma é essa de aparecer onde o que se destrói é um patrimônio público? Afinal, a ponte é da cidade. Das pessoas todas.

Aquele espaço estava abandonado há anos. Foi revitalizado. A histórica Ponte Torta restaurada. E ainda ganhou uma praça adorada por skatistas e que abriga, vez por outra, manifestações culturais. Uma praça aberta. Feita pra curtir.

A base de observação da ponte já havia sido pixada antes mesmo da reinauguração. E as casas e prédios da região estão todos pixados, como boa parte da cidade. A julgar por essas manifestações, existem muitos que se sentem excluídos e precisam de alguma maneira expressar sua existência.

Ainda acho muito melhor que a ponte exista, que seja ocupada e que pessoas vivam as ruas. Mesmo que para alguns viver as ruas signifique detonar algo que foi construído por outras pessoas. A restauração da Ponte Torta foi um processo que envolveu milhares.

Um processo que não apenas restaurou, mas recuperou para a cidade a memória de um monumento histórico. Um marco no desenvolvimento dessa vila que hoje é Jundiaí. Hoje, nas escolas, crianças fazem trabalhos tendo como tema a velha ponte.

Neste domingo, a partir de 15 horas, outra vez o movimento #ocupapontetorta organiza um evento no local. Pessoas juntas, auto-organizadas. Um evento de música, de arte mas, sobretudo, de conversa.

Quem já participou das edições anteriores pôde perceber a mágica do lugar, da praça batizada com o nome do irreverente Erazê Martinho, uma das figuras mais emblemáticas que a cidade já conheceu.

A Ponte Torta, com sua praça Erazê Martinho, é uma ilha de convivência em meio a carros, automóveis e avenidas, onde milhões de buzinas tocam sem cessar. Estar por ali é dar uma oportunidade a si mesmo de olhar para a cidade de forma mais calma.

Não dá pra não se sentir um pouco triste por perceber o quanto ainda estamos distantes do momento em que nós, enquanto sociedade, vamos compreender que a cidade é nossa. O mundo é nosso. E somos nós que temos que cuidar daquilo que nos pertence.

Mas a humanidade caminha. Ter um lugar onde as pessoas podem se reunir e conviver livremente já é um avanço considerável.

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