Estar na avenida Paulista na noite de domingo, dia 30 de outubro, foi ver a história diante dos olhos.
Tal qual os comícios da campanha das Diretas, a promulgação da Constituição de 88, ou da própria eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de outubro de 2002, a eleição do candidato do PT e da frente de centro-esquerda é um marco indiscutível na história do Brasil.
Por Lula também, com sua impressionante biografia, mas pelo país, que com a eleição dele dá seu primeiros passos no combate ao fascismo e à extrema-direita protagonizados pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Um primeiro mas importante passo.
Queria dizer para vocês que essa não é uma vitória minha, não é uma vitória só do PT. Essa foi uma vitória de todas as mulheres e homens que amam a democracia, que querem liberdade, que querem um país mais justo. Essa foi a vitória das pessoas que querem mais cultura, que querem mais educação, que querem mais fraternidade, mais igualdade. Essa vitória é de todos os homens e mulheres que resolveram libertar esse país do autoritarismo.
Assim Lula abriu seu discurso diante de apoiadores na avenida Paulista. Muitos estavam ali desde do final da tarde acompanhando as apurações por um telão instalado no prédio onde funciona a rede de televisão CNN, bem próximo do MASP, o icônico Museu de Arte de São Paulo, onde o presidente eleito faria seu discurso.
Ao ser confirmada a vitória houve um momento de incredulidade, talvez. Uma fração de segundo onde os que ali estavam se perguntavam se aquilo seria mesmo verdade. Diante de um país bombardeado diariamente, durante quatro anos, por mentiras e desrespeito, a eleição de Lula e tudo que ela representa, pareceu, por um instante, um sonho.
Mas era (e é) um sonho real.
O grito veio como um alívio, uma catarse, e encheu a Paulista de um Brasil renascido em sua democracia.
O que vi e senti, no entanto, foi uma certa alegria contida. Muitos ali se cumprimentavam como velhos amigos que nunca tinham se visto antes. A natural diversidade da avenida Paulista mostrava a cara de um Brasil de 215 milhões de pessoas.
Um Brasil que chegou às eleições 2022 profundamente dividido, dentro de suas famílias, do trabalho, nas igrejas e templos. E que, agora, terá que começar um caminho de re-união e redescoberta. O Brasil é um só dentro de sua diversidade.
Direita, esquerda, sulinos e nordestinos, nortistas e do centro-oeste, pardos e pretos e brancos e as outras tantas outras cores que fazem nossa gente terão, a partir de agora, a oportunidade de olhar para suas diferenças mas, ao mesmo tempo, perceber o que os une (nos une).
Não será uma tarefa fácil. Certamente não.
Mas a vitória de Lula é uma vitória contra o fascismo. Uma importante vitória.
Como escrevi na manhã de domingo, o Brasil viveu seu Dia D da democracia e venceu. Como no desembarque dos aliados na Normandia, em 6 de junho de 1944, ainda haveria muito a fazer até que finalmente o Nazismo fosse derrotado. Mas o primeiro passo estava dado.
Há um caminho espinhoso até a posse do novo presidente. Mas é um caminho.
E, de lá pra frente, um reinício da democratização do País e na construção de um Brasil para todos os brasileiros.

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