O médico Adolfo Martin da Silva assumirá a Secretaria de Saúde com o objetivo de modernizar os serviços e garantir um atendimento mais humanizado. Ele planeja realinhar a administração, reestruturar as filas de oncologia e cirurgias eletivas, além de fortalecer a atenção básica.
Na entrevista ao Oa, o secretário disse que uma de suas primeiras ações será ouvir os colaboradores.
Oa: O senhor já tem uma ideia de como enfrentar a redução do orçamento da saúde?
Adolfo Martin: É público que teremos uma redução orçamentária de cerca de R$ 100 milhões. Ainda não tivemos acesso a todos os dados para tomar algumas decisões definitivas, mas acredito que alguns cortes precisam ser feitos, não na assistência, mas em outras áreas.
Vamos analisar com calma, mas sou um otimista. Jundiaí sempre mostrou grande capacidade de superação nas dificuldades, principalmente através dos seus profissionais. Eu vi isso na pandemia e acredito que agora, novamente, os profissionais de saúde vão trazer soluções criativas e respeitosas que atenderão a população. Não tenho dúvida disso.
Uma das minhas primeiras ações será visitar todas as unidades e escutar os meus colaboradores. Eles certamente trarão soluções brilhantes que vão nos ajudar a ter mais recursos, mais tempo e mais pessoas disponíveis para o atendimento.
Uma coisa que não podemos deixar de lado é a fila de oncologia. Essa fila tem que ser nossa prioridade. Vamos conversar com os outros secretários, com o prefeito, com o vice-prefeito, porque essa área não pode ser afetada pela redução orçamentária. Pelo contrário, é aí que precisamos de ações imediatas. Será essa nossa prioridade nos primeiros meses, buscando alternativas para resolver esse problema.
Oa: O senhor pretende renegociar os repasses do governo federal?
Adolfo Martin: Tudo o que for possível com o governo federal e estadual, nós vamos buscar. Não tenha dúvida.
Existem leis de incentivo, doações, e outras possibilidades que podemos explorar. Precisamos de um trabalho de “tête-à-tête” com todos os deputados em Brasília para trazer mais recursos para Jundiaí. Isso é uma das saídas que vamos implementar. Mas, acima de tudo, acredito muito na escuta dos nossos colaboradores. Estou valorizando muito isso, porque acredito que a solução virá muito de dentro das equipes de saúde.
Oa: Essa visão de trabalhar junto com os colaboradores vem de sua experiência no setor privado?
Adolfo Martin: Sim, eu tenho experiência na gestão de espaços privados, mas minha maior experiência está em hospitais públicos. Fui diretor do Hospital Regional de Jundiaí por três anos, incluindo durante a pandemia. No Hospital Regional, sempre resolvemos as questões em conjunto, pois a solução está na ponta, com os profissionais de saúde, e é lá que encontramos os melhores caminhos.
Depois disso, fui diretor do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, que gerencia hospitais públicos em regiões de vulnerabilidade em São Paulo, como Oswaldo Cruz, Grajaú, Taipas e Vila Penteado. Sempre procurei ouvir as pessoas e, com isso, conseguimos melhorar os hospitais.
Não tenho todas as respostas e nem uma bola de cristal, mas acredito muito na vontade de ouvir as pessoas e fazer uma gestão colaborativa. Tenho certeza de que, com a equipe de excelência que Jundiaí tem e o apoio da faculdade de medicina, vamos conseguir avançar ainda mais na gestão da saúde. A gestão de saúde em Jundiaí sempre foi muito boa, mas acredito que podemos melhorar ainda mais.