Jundiaí recebeu, na tarde desta quarta-feira (15), uma manifestação incomum em frente ao Paço Municipal: uma centena de tratores percorreu as ruas da cidade em um ato de defesa da valorização da zona rural.
A mobilização, apelidada de “tratorada” ou “tratoratta”, reuniu produtores de diversos bairros agrícolas e buscou chamar a atenção para a importância do apoio público ao setor, especialmente no planejamento territorial do município.
O prefeito Pedro Bigardi esteve presente e avaliou a manifestação como legítima. Ele aproveitou a ocasião para reforçar a importância da participação dos agricultores na construção do Plano Diretor Participativo, atualmente em análise na Câmara Municipal.
“Foi um trabalho bem estruturado, técnico, que se preocupou com a cidade toda, sua história e cultura. Olhamos para a zona rural, as serras e a qualidade de vida urbana, reorganizando a ocupação e orientando melhor a verticalização”, declarou.
Agricultura e qualidade de vida
Os manifestantes vieram de bairros como Caxambu, Toca, São José da Pedra Santa, Corrupira, Bom Jardim, Poste, Traviú, Champirra e Jundiaí Mirim. Entre os participantes, o tom era de alerta sobre a necessidade de políticas que garantam a preservação das áreas agrícolas.
Carlos Marzulo, morador do bairro São José, destacou a relevância da atividade rural.
“Quem não está do nosso lado não tem juízo. Vai viver de quê, de vento? Se tirar todos os tratores da roça, a cidade pararia”, afirmou. Já Odair Lourençon, do Traviú, lembrou que a agricultura tem impacto direto na qualidade de vida urbana. “É mais saúde, mais alimento, mais proteção de nascente e também a cultura da nossa raiz”, disse.
O bom humor marcou a manifestação. Ao ouvir de um amigo que o ato estava “bonito”, o agricultor José Bardi, do Caxambu, respondeu: “Nós sempre fomos bonitos, apenas estamos judiados.” Já Eduardo Bortolo, de Corrupira, levou o filho de dois anos e meio para o ato, dizendo que o menino era um “futuro produtor de uva”.
Para Luciano Tofanin, do Caxambu, a agricultura familiar deve ser preservada. “Zona rural é para quem trabalha o legado de seus bisavós ou para quem queira fazer isso”, afirmou.
Políticas públicas para o setor
Nos últimos anos, a cidade tem ampliado as políticas voltadas ao setor agrícola. Entre as ações implementadas desde 2013, destacam-se o resgate do formato comunitário da Festa da Uva, que expandiu o público de 32 mil para 170 mil visitantes, a criação do Programa de Subsídio ao Seguro Agrícola, o fortalecimento do turismo rural e da rede municipal de abastecimento, além do levantamento de nascentes e fragmentos naturais do município.
A manifestação durou cerca de uma hora e reforçou a necessidade de ampliar as políticas públicas voltadas à zona rural. “O agricultor te alimenta três vezes ao dia”, destacaram os organizadores do ato.