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Ailton Krenak traz ao Sesc a visão ancestral sobre a destruição do planeta

Durante milhões de anos, a Terra foi vista como um lugar sagrado pelos humanos. A afirmação, feita pelo líder indígena e pensador Ailton Krenak, resgata a relação dos povos ancestrais com o planeta e denuncia a ruptura causada pelo avanço da civilização moderna.

Ailton Krenak, ambientalista, filósofo, poeta, escritor brasileiro da etnia indígena krenaque, estará em Jundiaí, dia 21, para uma palestra dentro da série Ecos da Floresta, promovida pelo Sesc.

Na visão dele, a humanidade deixou de tratar a vida como uma experiência sagrada e passou a ver a Terra como um recurso manipulável, a ser explorado sem limites.

“Durante milhares de anos, os humanos temiam a força da natureza: o trovão, a tempestade, o sol se pondo de maneira diferente. Mas, ao dominar a agricultura e o metal, passamos a tratar o planeta como uma coisa plástica, que podemos esticar, dobrar e destruir”, disse Krenak em uma palestra organizada pela Agência Pública no ano passado.

Essa visão, segundo ele, levou à atual crise ambiental, marcada pela degradação de florestas, oceanos e montanhas. Krenak questiona a forma como a ciência ocidental mede as transformações do planeta e lembra que os povos indígenas já alertavam sobre essas mudanças há décadas.

Enquanto cientistas debatem se já entramos no Antropoceno, os povos da floresta já enxergavam sinais claros do desequilíbrio ambiental.”

O líder indígena recordou um episódio de 1992, quando recebeu o xamã yanomami Davi Kopenawa na “Embaixada dos Povos da Floresta”, um espaço que ele ajudou a criar para reunir líderes indígenas e ambientalistas. Na ocasião, Davi fez um alerta simbólico: “Os humanos estão queimando o peito do céu”. Para Krenak, essa expressão já antecipava a destruição da camada de ozônio, um tema que só começava a ser discutido pela comunidade científica na época.

Os povos indígenas sempre observaram o meio ambiente como parte fundamental de sua existência, notando alterações nos ciclos naturais, como o desaparecimento de espécies e a ausência de fenômenos sazonais.

“Se o ipê ou o pequi deixam de florescer na época certa, isso é um sinal de que algo grave está acontecendo”, disse Krenak, destacando como essas mudanças são interpretadas pelos povos da floresta.

Para ele, a linguagem científica nem sempre é capaz de capturar a dimensão dessas transformações.

“E se, em vez de chamar de mudança geológica, chamássemos esse momento de ‘era da sensibilidade cósmica’?”, questiona. Krenak defende uma abordagem mais ampla para compreender a crise ambiental, que não se restrinja apenas à ciência, mas que leve em conta as cosmovisões dos povos originários, que veem o planeta como um organismo vivo e interligado.

Suas reflexões reforçam a urgência de repensar a relação da humanidade com a natureza, resgatando uma percepção mais respeitosa e sustentável da vida na Terra.

Antropoceno e Mudanças Climáticas

No dia 13 de março de 2024, a Agência Pública promoveu como parte da celebração de 13 anos de sua história, três debates sobre o futuro da democracia em diferentes perspectivas – do jornalismo ao clima. A conversa de encerramento do evento mergulhou na discussão sobre Antropoceno e Mudanças Climáticas.

No debate, repleto de momentos marcantes, Ailton Krenak falou sobre a necessidade de conhecer a cosmovisão sobre as mudanças climáticas e trouxe imagens bem vívidas de como de tanto “comer a terra e os oceanos” e se ver como uma espécie afastada das demais, o ser humano caminha para o seu próprio fim.

Assista aqui as palavras de Krenak no v´ídeo.

Ailton Krenak

Ailton Krenak é um líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta, escritor brasileiro da etnia indígena krenaque e Imortal da Academia Brasileira de Letras. Ailton é também professor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e é considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional.

Palestra no Sesc Jundiaí

Mesa 3: Florestas e a vida no planeta
Com Ailton Krenak
Ecos da Floresta

Duração: 90 minutos

Meio Ambiente palestra
atividade presencial

Grátis

Local: Ginásio

Data e horário

De 21/03 a 21/03

Sexta
19h às 20h30

Sesc Jundiaí

Av. Antônio Frederico Ozanan, 6600 – Jardim Botânico, Jundiaí

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