Em seu primeiro discurso oficial depois de ter sido empossado como prefeito de Jundiai, Pedro Bigardi lembrou um ensinamento do publicitário e ex-vereador Erazê Martinho (falecido) para resumir o que sentia naquele momento.
“Erazê me ensinou que sem sonhos a vida não tem sentido”, disse Bigardi no parlatório, onde subiu acompanhado da mulher Margarete e da filha Patrícia. “Tenho certeza de que você, esteja onde estiver, está feliz com a gente”, completou.
Depois de ter sido empossado em Sessão Solene na Câmara Municipal, Bigardi seguiu para o Paço Municipal seguido por um cortejo de ciclistas — que agradeceu durante o discurso. No 8º andar, na Sala do Prefeito, assinou o termo de posse ao lado do ex-prefeito Miguel Haddad e do vice-prefeito, Durval Orlato.
Ao chegar à sala do prefeito, Bigardi perguntou a Haddad: “O que a gente faz agora?”.
Haddad explicou que era momento de assinar o termo de posse — algo como a entrega simbólica da chave da cidade. A cerimônia no 8º andar foi acompanhada por um pequeno grupo de pessoas. Basicamente alguns dos que chegam agora ao poder e outros que deixaram o cargo.
O ex-prefeito Miguel Haddad e a esposta Maria Rita, esperam Bigardi e a esposa Margarete no corredor do 8º andar para cumprimentos em um clima cordial e de respeito mútuo.
Depois de dar posse ao secretariado e participar de um emocionante culto ecumênico, Bigardi subiu ao parlatório para fazer um discurso simples, onde lembrou sua trajetória de luta, os companheiros de jornada e prometeu voltado para as pessoas. “A multidão que também é minha família”.
O prefeito lembrou que o ensinamento de Erazê ainda na década de 80, quando Partido dos Trabalhadores dava seus primeiros passos, fez aquele então funcionário público (ele mesmo) acreditar que um mundo melhor é possível.
Bigardi homenageou também em seu discurso o ex-presidente da Associação dos Aposentados e vereador emérito Antonio Galdino, responsável por seu ingresso na política em 1995.
“Galdinho achava que aquele menino se bem trabalhado podia vir a ser prefeito”, disse.
Bigardi lembrou ainda do pai, Antonio Bigardi. E da mãe, dona Encarnação, que morreu durante a campanha de 2009.
Ele falou também do dia que deixou a Prefeitura, depois de 22 anos de serviço público, decisão apoiada pela mulher, Margarete.
“Saí do prédio com a sensação de que ainda estava faltando algo. Fui acolhido pelo Araken Martinho (arquiteto) e depois a própria vida me acolheu”.
Bigardi lembrou também as desavenças que o fizeram sair do Partidos dos Trabalhadores e o reinício político no PCdoB, “um novo partido de 90 anos”.
E agradeceu ao vice-prefeito e secretário de Educação, Durval Orlato, por ter “dado uma força” em um momento super importante da vida.
Ao final, disse que aprendeu em sua trajetória que “a união é imbatível”.
“Vou passar para cada secretário, cada servidor essa lição”.
Lembrou ainda a campanha, os apoios e a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um comício na cidade. “Lula também estava lá”.
“Tivemos uma vitória embalada por 20 anos de luta”.
E concluiu pedindo força a Deus.
“Que Deus abençoe todo mundo”.
Logo após o discurso, a multidão que se aglomerada nas tendas armadas em frente ao Paço Municipal (não choveu, mas elas foram ótimas para proteger do sol) fez uma fila improvisada para cumprimentar Bigardi.
Numa rápida entrevista, o prefeito disse que escreveu o discurso em 10 minutos, depois de ter visto uma foto da filha chorando, logo depois de ter sido anunciada sua vitória nas urnas.
Bigardi disse que passaria o restante do dia com a família e que na quarta-feira (2) às 9 horas estaria no Paço trabalhando.
“E faço questão de entrar pela porta da frente”.
Foto de abertura: o prefeito Pedro Bigardi, a mulher Margarete e a filha Patrícia no parlatório
A íntegra do discurso
Discurso de posse do prefeito Pedro Bigardi
Boa tarde!
Cumprimento todas as autoridades civis, militares, ao Bispo Dom Vicente, aniversariante do dia, e o presidente do Conselho de Pastores de Jundiaí por terem realizado este ato ecumênico. A todos os vereadores na pessoa do presidente da Câmara, Gerson Sartori.
Agradecemos a imprensa, os secretários municipais e toda a população que prestigia este evento. Um agradecimento especial ao vice Prefeito Durval Orlato e à sua família, Maria Eugênia, filhos, neto, obrigado pela amizade.
Esta é uma história que começou a ser contada há muitos anos… E se vocês me permitem queria fazer algumas referências a esta pequena história.
Havia um grupo que resolveu fazer política num partido novo, à época, liderado por um trabalhador, migrante, que se tornou presidente da República. Neste partido tinha até ensaio de teatro. Tinha Ademir, tinha Ivanira, tinha um sujeito chamado Erazê que me ensinou que “sem os sonhos a vida não tem sentido”.
Hoje realizamos mais um sonho amigo Erazê.
O tempo passou e aquele funcionário público continuou acreditando num “mundo melhor” e tentava construí-lo nos planos diretores e nas favelas que reurbanizava. Que diga o padre Paulo André.
Aí apareceu um outro sonhador de nome Antonio que achava que o “menino” se bem trabalhado poderia até ser prefeito. E foram algumas tentativas eleitorais sempre com o mesmo jeito de fazer política seguindo a lição do velho.
Se Pedro é Antonio, Antonio é Bigardi, Antonio é Galdino (ex-vereador), alguma coisa se misturou aí na formação que meu pai (Antônio Bigardi) me deu e o caminho que Antonio “o Galdino” sugeriu. Este sonho também é de vocês: Antonio Bigardi e Antonio Galdino.
Sai deste prédio depois de 22 anos com uma sensação estranha deixando pra trás uma história incompleta e fui acolhido pelo Araken e depois pela própria vida.
Vieram desavenças, decepções, até uma certa vontade de parar…
Surge um novo partido de 90 anos, novo desafio e nova trajetória. Faltava um cursinho a mais de política, e a história me presenteia com um mandato de deputado, ainda que incompleto. E, no momento da reeleição, mais perdas pra testar a força. E de todas as perdas a mais dura: Dona Encarnacion, minha mãe, se vai sem ver as carreatas, as bandeiras e a vitória em 2010. Jamil também partiu e deixou a saudade de quem torcia demais.
Descobrimos então que a união é imbatível e de repente estavam todos de um único lado. Bandeiras com foices e martelos se jantaram a bandeiras estreladas e a praça se encheu pra comemorar e cantar com o Roque, o Foguinho, Dutra, Abel, Aldo, Claudio, Vanderlei, Ibis, Gilberto. Marias e Josés apareceram de todos os lados, afinal o Lula também estava lá.
Veio a vitória, suavemente, embalada por 20 anos de trabalho, de superação erros e acertos.
A alegria tomou as ruas, a chuva lavou a alma e se misturou às lágrimas…
A chuva se misturou com as lágrimas no rosto da Patrícia e da Margarete e olhando ao redor das duas minhas meninas eu vi meus irmãos, eu vi meus amigos, eu vi uma multidão que agora também … é minha família.
Obrigado Jundiaí. Que Deus abençoe a todos!