Em um vídeo publicado no canal do YouTube do Double Down News, o jornalista britânico George Monbiot lança um alerta sobre a crescente e aberta influência dos bilionários na política global.
Segundo Monbiot, os ultra-ricos deixaram de operar nas sombras e agora exercem seu poder sem disfarces, influenciando diretamente governos e remodelando a sociedade para atender aos seus interesses exclusivos.
Um dos principais exemplos citados por Monbiot é Elon Musk, cuja fortuna ultrapassa os 400 bilhões de dólares. Musk, segundo o jornalista, utiliza sua posição para promover cortes em programas sociais sob o pretexto de responsabilidade fiscal, enquanto os gastos militares e subsídios para empresas de bilionários permanecem intocados.
A ideia de “viver dentro de nossos meios”, pregada por Musk, na verdade se aplica apenas às classes trabalhadora e média, enquanto os mais ricos seguem acumulando fortunas.
Monbiot argumenta que essa estratégia faz parte de uma guerra de classes aberta, onde os bilionários utilizam táticas de distração para desviar a atenção do grande público. A técnica consiste em eleger bodes expiatórios, como imigrantes, muçulmanos e outros grupos marginalizados, para canalizar a insatisfação popular. Dessa forma, ao invés de culpar os verdadeiros responsáveis pela desigualdade econômica, parte da população se volta contra os mais vulneráveis.
Outro ponto abordado por Monbiot é a conexão entre bilionários e movimentos de extrema-direita. Ele destaca que figuras como Musk têm demonstrado apoio a neonazistas e promovido discursos inflamados que incentivam o ressentimento e a divisão social. Essa estratégia, segundo Monbiot, visa consolidar o poder desses magnatas e garantir que suas agendas econômicas não sejam contestadas.
O jornalista também discute o papel crucial das redes sociais nesse cenário. Com o controle de plataformas como X (antigo Twitter) e Facebook, Musk e Mark Zuckerberg se tornaram verdadeiros copresidentes não eleitos dos Estados Unidos, utilizando esses espaços para manipular opiniões e influenciar eleições.
Essa nova forma de guerra psicológica, diz Monbiot, está minando as instituições democráticas, que ainda não sabem como responder a essa ameaça.
A influência dos bilionários, porém, não se limita aos Estados Unidos. Monbiot aponta para a existência de redes internacionais, como a Atlas Network, que conecta grupos de extrema-direita ao redor do mundo, promovendo uma agenda política alinhada a interesses corporativos. Essas alianças garantem que os mesmos padrões de desregulamentação econômica e desmonte de direitos sociais sejam replicados em diversos países.
Para Monbiot, essa ascensão dos bilionários como força política é uma consequência direta do neoliberalismo, doutrina econômica dominante desde os anos 1980. Governos de diferentes matizes ideológicas, incluindo administrações democratas como as de Bill Clinton e Barack Obama, adotaram a lógica do “mercado livre”, deixando de intervir em crises econômicas e negligenciando serviços públicos essenciais. Essa omissão abriu espaço para figuras como Donald Trump, que capitalizam o descontentamento popular para consolidar seu poder.
No entanto, Monbiot alerta que esses líderes não estão desmontando o sistema em favor do povo, mas sim reconstruindo-o para garantir ainda mais benefícios aos bilionários. O modelo que está emergindo, segundo ele, não tem mais a pretensão de esconder sua natureza oligárquica. Os ultra-ricos não são mais apenas financiadores de movimentos conservadores, mas protagonistas diretos da política global.
A grande questão que Monbiot deixa no ar é se a sociedade será capaz de enxergar essa manipulação antes que seja tarde demais. Com a influência dos bilionários atingindo um nível sem precedentes, o desafio para as democracias do mundo todo será encontrar formas de limitar esse poder e impedir que a desigualdade continue se aprofundando.