A diretora de Planejamento e Urbanismo da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente da Prefeitura de Jundiaí, Daniela Colagrossi, fez duras críticas ao que chamou de forma ferrenha e e até desesperada de desqualificação do novo Plano Diretor que está, no momento, em vias de ser votado pela Câmara Municipal.
Coordenadora técnica do Plano Diretor Participativo, Daniela Colagrossi é engenheira civil pós-graduada em Gerência de Cidades pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) e da Sala do Plano Diretor no quinto andar da Prefeitura comandou, ao lado da secretária de Planejamento e Meio Ambiente, Daniela da Camara Sutti, todo o processo de discussão do novo plano.
A diretora lembrou que além das 170 reuniões com diversos segmentos da sociedade, a eleição e o treinamento dos delegados do Plano, foram realizados estudos profundos de tipologias de ocupação e parcelamento do solo, de análise e qualificação da cobertura vegetal, de fomento da política de agricultura e segurança alimentar, de consolidação dos sistemas de mobilidade, de ações e investimentos estruturais e de análise do macrozoneamento e zoneamento.
Diretora de Planejamento e Urbanismo desde dezembro de 2014, mas 23 anos como servidora pública sendo 20 anos na Secretaria de Obras, lembra que em tempos de discussão e decisão de qual pacto faremos pela nossa Cidade de Jundiaí, faz-se necessário a reflexão.
“Temos visto a movimentação de um determinado segmento de forma ferrenha e até desesperada pela desqualificação de um Plano Diretor novo, que vem romper com o monopólio do poder sobre a cidade”.
“Rompimento necessário, não porque este segmento não seja importante, ele é, mas porque há claramente a necessidade de divisão deste poder”.
O Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Núcleo do Aglomerado Urbano de Jundiaí, entidade que abriga os arquitetos e urbanistas da região, critica o novo Plano Diretor por considerar o projeto de lei que está sendo debatido no Câmara Municipal uma ruptura muito grande no caminho do desenvolvimento da cidade.
Para a Diretora de Planejamento, é importante ressaltar que outras dimensões foram inseridas com a mesma importância, outros olhares, ou a dimensão ambiental, a dimensão social, a dimensão institucional é menos importante que a dimensão econômica?
“Quando vejo uma análise econômica salientando PIB (Produto Interno Bruto) per capita da cidade, como o principal fator analítico de cidade rica, me assombro profundamente, pois este indicador é de novo somente uma dimensão”.
Os representantes do Fórum Regional do Comércio, Indústria e Serviços de Jundiaí (FORCIS) criticam o que chamam de víes ideológico do novo Plano Diretor que, se aprovado da forma que está proposto no projeto de lei enviado à Câmara Municipal, afetaria o desenvolvimento da cidade.
Para o FORCIS, ao restringir construção e privilegiar a agricultura que, segundo o Fórum, representa apenas 0,3% da economia municipal, o novo Plano Diretor pode causar uma retração da economia local e diminuir a perspectiva de crescimento no longo prazo.
Daniela Colagrossi lembra que a cidade desenhada coletivamente através do processo participativo é a que produz sustentabilidade e não apenas crescimento econômico.
“A cidade que queremos e podemos sim, é aquela que produz sustentabilidade, no seu termo mais amplo”.
A diretora lembra que a proposta do Plano Diretor Participativo propõe esta multidimensão de olhares, propõe uma cidade que produz muito mais do que PIB per capita, produz índices de desenvolvimento e sustentabilidade ambiental.
“Ou alguém aqui pretende comer cimento?” provoca.
Na visão de Daniela Colagrossi, a cidade que os setores ligados ao mercado da construção propõem é a cidade caótica, onde existe uma urbanização corporativa, empreendida sob o comando de interesses, que devora recursos públicos em detrimento de investimentos sociais.
Foto de abertura: Marcos Fernandes
Foto de Daniela Colagrossi: Arquivo Oa
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