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Estradas Parque na Serra do Japi: Fundação e Prefeitura anunciam retomada do projeto

A Fundação Serra do Japi, em parceria com a Prefeitura de Jundiaí, anunciou esta semana que pretende retomar o projeto de regulamentação das Estradas Parque na Serra do Japi, iniciativa que busca integrar a preservação ambiental ao ecoturismo sustentável.

A proposta envolve a implementação de rotas com restrições de uso no Território de Gestão da Serra do Japi, com o objetivo de proteger a biodiversidade local e promover um turismo consciente.

O projeto abrange as vias Santa Clara, Terra Nova, Paiol Velho, Laranja Azeda, José Luiz Sereno e Malota.

De acordo com o superintendente da Fundação Serra do Japi, Flávio Gramolelli Júnior, estudos técnicos serão realizados para avaliar os impactos e os benefícios das restrições de uso nessas áreas.

“O foco é garantir a preservação dos ecossistemas enquanto se oferece uma alternativa sustentável para os bairros rurais”, explicou.

O conceito de Estrada Parque propõe um “museu a céu aberto”, conforme descreveu o diretor técnico da Fundação, Wagner de Paiva.

A proposta inclui sinalização educativa, identificação de propriedades aptas ao ecoturismo e controle do fluxo de visitantes.

“Queremos reduzir a vulnerabilidade da vida silvestre, permitindo um acesso consciente às áreas preservadas da Serra do Japi”, destacou Paiva.

Em projeto a Estrada Parque em Santa Clara. FOTO: PMJ
Histórico do Projeto

A discussão sobre Estradas Parque na Serra do Japi começou há mais de uma década.

Estudos para regulamentação foram iniciados em 2018, e, no ano seguinte, o Departamento de Meio Ambiente apresentou uma minuta de decreto ao Conselho Gestor da Serra do Japi, propondo a primeira Estrada Parque no bairro Santa Clara.

Na ocasião, Wagner de Paiva justificou a necessidade do projeto afirmando que a área entre Santa Clara e a cachoeira de Morangaba é ambientalmente rica e precisa de proteção.

Ainda em 2019, a superintendente da Fundação na época, Vânia Plaza Nunes, enfatizou que a Estrada Parque seria essencial para o controle do acesso e a preservação do bioma.

No entanto, o avanço do projeto enfrentou desafios. Durante uma reunião do Conselho de Gestão da Serra do Japi em 2021, conselheiros relataram que, até aquele momento, não havia um projeto estruturado, apenas levantamentos preliminares.

A Casa do Conserveiro

Um símbolo da preservação ambiental e do patrimônio histórico de Jundiaí, a Casa do Conserveiro, localizada na Reserva Biológica da Serra do Japi, voltou ao foco de atenção.

Construída originalmente para abrigar os conserveiros que cuidavam das estradas da serra, a casa foi restaurada em 2015 na gestão do então prefeito Pedro Bigardi (PCdoB) — prefeito entre 2013 e 2016 — , com apoio dos monitores da Serra do Japi. No entanto, nos últimos anos, o local permaneceu fechado e sem manutenção adequada.

Vistoria Casa do Conserveiro. FOTO: Kate Batista/Coletivo Japy

Usada por décadas por famílias de conserveiros que mantinham as estradas e trilhas da serra, a casa remonta a um período anterior à mecanização dos trabalhos de conservação.

“Os conserveiros moravam ali com suas famílias e cuidavam das estradas. Era uma vida dedicada à serra”, relembrou Osmar Francisco da Silva, monitor da Serra do Japi desde 2001.

A restauração em 2015 transformou o espaço em um ponto de apoio para ações de educação ambiental, com exposições, mapas históricos, materiais de pesquisa e áreas de convivência.

“Recuperamos a casa com nossos próprios recursos, pintamos, arrumamos o telhado e deixamos tudo em ordem para receber escolas e grupos de visitantes”, explicou Osmar.

A casa também funcionava como apoio logístico para a Guarda Municipal e equipes de manutenção durante as atividades na reserva. No entanto, durante os oito anos de gestão de Luiz Fernando Machado (PL) — prefeito entre 2017 e 2024 — , a Casa do Conserveiro permaneceu fechada e sem uso, segundo Osmar.

“O local ficou abandonado, voltando ao estado precário em que o encontramos antes da reforma”, lamentou.

Vistoria e a atual Situação

Na semana passada, uma vistoria técnica foi realizada na Serra do Japi, com a participação do vereador Henrique Parra Parra (PSOL-Movimento Cardume), de integrantes do Coletivo Japy e do superintendente da Fundação Serra do Japi, Flávio Gramolelli Júnior.

A Casa dp Conserveiro ficou fechada por anos. FOTO: Kate Batista/Coletivo Japy

Durante a inspeção, foram levantadas questões sobre o manejo da reserva e a necessidade de reativação da Casa do Conserveiro.

“O objetivo da vistoria foi identificar pontos críticos e cobrar ações urgentes, como reparos na casa, organização das trilhas guiadas e controle da invasão de espécies exóticas, como o bambu”, afirmou o vereador Henrique Parra Parra.

Juliana Oliveira, presidente do Coletivo Japy, destacou a importância da Casa do Conserveiro como um núcleo de educação ambiental.

“A reativação da Casa do Conserveiro, por exemplo, foi uma das pautas que foram levantadas nesse dia, que poderia funcionar como um importante núcleo de Educação Ambiental dentro da Reserva Biológica, contribuindo para estimular a conscientização da sociedade e impulsionar ainda mais estudos científicos”, disse Juliana.

A presidente do Coletivo Japy ressaltou, no entanto, que a conservação, diferentemente de preservação, requer quase nenhuma intervenção humana.

“Então, a parte da Reserva Biológica tem que ser pensada com muita calma e estrutura, pensando sempre em primeiro lugar sobre o equilíbrio ecológico”, explicou Juliana.

Juliana enfatizou o compromisso do Coletivo Japy com a preservação socioambiental:

“O Coletivo Japy tem um compromisso muito rígido socioambiental com Jundiaí e região, e nos manteremos, como sempre estivemos, à frente e na fiscalização, como movimento social, dessas pautas.”

O futuro da Casa do Conserveiro

Além de sua relevância histórica, a Casa do Conserveiro está localizada em uma área de grande importância ambiental: ali está a nascente do Córrego do Chá, o primeiro manancial a abastecer a cidade de Jundiaí no início do século XX.

“O espaço tem um valor único, tanto como patrimônio cultural quanto como centro de preservação ambiental”, lembrou o monitor Osmar.

O retorno das atividades na Casa do Conserveiro pode fortalecer os programas de visitação monitorada e educação ambiental, que seguem acontecendo na reserva.

“Temos uma estrutura ali que pode ser aprimorada para conscientizar a população sobre a necessidade de conservação e preservação”, afirmou Juliana Oliveira.

Apesar do abandono recente, a Fundação Serra do Japi pretende reverter a situação.

“Estamos comprometidos em recuperar a Casa do Conserveiro, transformando-a novamente em um espaço ativo de educação ambiental”, afirmou Flávio Gramolelli Júnior.

Serra do Japi. FOTO: PMJ
Serra do Japi

A Serra do Japi possui 354 quilômetros quadrados de área e foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), no dia 08 de março de 1983.

O tombamento foi resultado de iniciativas da Administração Pública Municipal, do trabalho do geógrafo Aziz Ab’Saber e da mobilização da população da região, em especial da cidade de Jundiaí.

Existente em quatro municípios: Jundiaí, Pirapora do Bom Jesus, Cajamar e Cabreúva, em 1992, a área foi tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), como patrimônio da humanidade e declarada reserva da biosfera.

 

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