Vitor Meira França

 

MENOS GRADES, MAIS CIDADE: seis prédios próximos uns dos outros ali na Vila Pompeia (São Paulo-SP). Os três da esquerda praticam o que se chama na arquitetura de GENTILEZA URBANA.

 

No 1º de cima (Edifício Tetrys), parte da frente do terreno foi cedida para uma pracinha, com bancos, e o espelho d’água no hall está integrado com a paisagem da rua; quem passa em frente pode contemplá-lo, já que não há barreiras visuais.
No 2º (Edifício Green Street), com grades recuadas em relação à calçada, o jardim em frente compõe a paisagem de uma das ruas mais arborizadas do bairro.
No 3º (Edifício Cotoxó 926), uma pracinha foi disponibilizada na lateral do terreno do condomínio, onde moradores podem interagir com a cidade, entregadores podem aguardar e pessoas que estiverem andando por ali podem simplesmente sentar, um luxo diante da escassez de bancos na cidade…
Já nos três da direita, representantes da grande maioria dos condomínios do bairro (e da cidade), temos jardins trancafiados atrás de grades que não parecem ser acessados sequer pelos próprios moradores.
Por que não requalificar as fachadas, RECUAR ou RETIRAR as grades e COMPARTILHAR os jardins com a cidade?
Sem dúvida a falta de segurança é um problema em São Paulo, mas os três prédios da esquerda, tão próximos dos outros três, parecem comprovar que é possível, sim, viver em um condomínio seguro, mas integrado com seu entorno, gerando benefício para a rua e para quem caminha por ali.
Pensei em um projeto de DESCONTO no IPTU, no valor da obra de requalificação da fachada, para incentivar a gentileza urbana, e um prêmio para os condomínios com as melhores obras de requalificação e paisagismo.
Empresas de engenharia e arquitetura poderiam atuar na linha de frente “vendendo” projetos para condomínios e viabilizando a aprovação e o desconto do IPTU junto à Prefeitura de São Paulo.
Além de uma CIDADE MAIS BONITA e agradável, com menos grades e maior visibilidade e acesso a pequenas áreas verdes e jardins, o projeto ainda incentivaria a geração de renda e emprego, resultante das obras de requalificação e paisagismo.
Será que daria certo, seria incentivo suficiente para promover a requalificação das fechadas, a gentileza urbana, e vencer a arquitetura do medo?
Por outro lado, não me parece JUSTO dar um subsídio deste em áreas ricas da cidade; o mais justo seria os próprios moradores internalizarem a ideia de gentileza urbana, como fizeram os responsáveis pelos três edifícios do lado esquerdo da figura…
Aproveito para agradecer e parabenizar os escritórios de arquitetura e incorporadoras por trás desses prédios: FGMF Arquitetos @ink @adesarquitetura @zabo @siaa Moby Incorporadora
Para conhecer e refletir mais sobre a cidade, deixo também as recomendações a seguir:
Raul Juste Lores Caos Planejado Refúgios Urbanos
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