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O Dia D é como o 6 de junho de 1944 entrou para a história. Nesse dia, as tropas aliadas desembarcaram na Normandia, litoral norte da França, e deram início ao ataque contra os alemães nazistas que ocupavam o território francês desde 1940

Somente no Dia D, 4.414 soldados aliados foram confirmados como mortos, com mais de 9.000 feridos ou desaparecidos. No total, cerca de 40 milhões de civis perderam a vida durante a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. Cerca de 20 milhões de soldados, quase metade deles russos, também perderam a vida.

O Brasil entrou tardiamente no conflito. Os soldados da Força Expedicionária Brasileira, composta por 25.834 homens e mulheres, chegaram no dia 16 de julho de 1944 à Itália e lutaram ao lados dos aliados nas últimas fases da campanha da Itália contra as tropas nazistas.

Entre eles estava Francisco Napoleão de Araujo, meu avô, pai de minha mãe. Cearense, migrou para São Paulo com a família em um pau de arara (caminhão com alguns bancos na carroceria), alistou-se primeiro na Força Pública e depois no Exército. Foi e voltou vivo.

Lembro bem dele. Era discreto ao falar do assunto guerra. Guardava em casa, ainda, sinalizadores, uniformes e outros equipamentos utilizados durante a campanha na Itália.

A Segunda Guerra Mundial esteve presente em minha vida desde sempre. Nas histórias que ele e minha avó contavam. Um marco indelével. Um assunto que marcou minha existência.

Já adulto e jornalista, estive na Normandia. Pude ver os locais onde o Dia D aconteceu. Em Carentan e Sainte-Mère-Eglise, onde existe um museu, as marcas estão ainda ali. Marcas que se pode ver e outras que se sente ao caminhar pelas ruas onde milhares perderam a vida.

A história está viva. Real. As 11 fotos que o excepcional Robert Capa fez no desembarque — a que abre esse artigo é uma delas – gravaram para sempre o momento dramático e único. A partir dali, seria dado o primeiro passo para a derrota de Adolf Hitler.

Obviamente, a história como conto aqui é a a contada pelos vencedores, como aprendemos aqui pelo lado ocidental do mundo. Há inúmeras controvérsias. Mas a luta contra o fascismo é real. E a vitória contra os nazistas também.

Seria de imaginar que depois de um horror tão grande a humanidade teria aprendido que guerras não são soluções. Só que não.

De lá pra cá as guerras se tornaram cada vez mais negócios lucrativos, declaradas por homens que nunca chegaram perto de um campo de batalha e feitas por gente que na maioria das vezes nem sabe realmente a razão de estar lutando.

E as guerras de hoje são, sobretudo, guerra midiáticas, as chamadas guerras híbridas, onde o fundamental, antes de disparar o primeiro tiro, que se conquiste corações e mentes.

O Brasil vive uma guerra não declarada.

Parece dramático demais? Não é não. Embora muitos não percebam, estamos todos em um campo de batalha, bombardeados diariamente por versões de fatos, meias verdades, verdades distorcidas e mentiras. Muitas mentiras.

O país está sendo atacado justamente por sua importância geopolítica, suas riquezas, seu imenso mercado, e potencial produtivo. Atacado em sua essência. A forças que atacam o Brasil buscam minar a capacidade dos brasileiros decidirem por eles mesmos qual o futuro que se quer.

A ascensão da extrema-direita mundial, organizada e amplamente municiada por sofisticadas estratégicas digitais e psicológicas, no Brasil tem seu representante máximo o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Messias Bolsonaro. Desde sua eleição em 2018, o país vive um espécie de transe.

Um país atacado por aqueles que justamente teriam a missão de defendê-lo.

O Brasil dividido. Sem forças. Exatamente como a extrema-direita quer. Um Brasil sem capacidade de decidir seu próprio destino.

É assim que chegamos hoje, domingo, 30 de outubro. Temos a oportunidade de começar a reverter essa tragédia e iniciar um caminho de retomada do Brasil para os brasileiros — todos.

Não é e não será o mundo ideal amanhã. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido têm defeitos e problemas bem conhecidos — e virtudes também. Mas não é por ele apenas, é pelo que representa neste momento: a possibilidade do país voltar a caminhar rumo à civilização.

Sabemos, há muito o que fazer.

A ascensão do fascismo mostrou as entranhas da sociedade brasileira. Liberou o horror, a cafonice, a estupidez e relevou a ignorância de tantos.

Mas, por mais duro que seja, sempre haverá um outro dia, uma nova chance, uma nova possibilidade. Não tem sido fácil ser otimista diante da barbárie, mas é preciso.

O Brasil vive hoje o seu Dia D da democracia.

Que sejamos todos vitoriosos.

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FOTO DE ABERTURA: Uma das 11 fotos que o excepcional Robert Capa fez no Dia D e conseguiram ser reveladas e publicadas. Marco na história da humanidade.

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