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Correligionários do presidente Jair Bolsonaro, candidato derrotado nas eleições de domingo, 30, fazem manifestação em frente ao quartel do 12º Grupo de Artilharia de Campanha, em Jundiaí, São Paulo, às 11h20 da quinta-feira, 3 de novembro.

Um grande carro de som toca repetidamente o Hino Nacional. Há cartazes pedindo “intervenção federal já”, “resistência civil” e até uma inusitada faixa onde se lê, em inglês:  “We won’t accept a former prisioner as a presidente of Brazil” (Nós não aceitaremos um ex-presidiário como presidente do Brasil).

O trânsito segue normalmente nas proximidades do quartel. Os poucos manifestantes usam as tradicionais cores da bandeira brasileira em camisetas e faixas. Alguns usam bonés e chapéus, outros calças no estilo militar.

Motoristas passam pelo local, buzinam e vão embora. O tempo é chuvoso e frio, em torno de 15 graus centígrados.

Alguns poucos manifestantes resistem ao frio e chuvisco em frente ao quartel, 60 horas depois de divulgados os resultados das eleições. Foto: Flavio Gut
Loucura coletiva

A manifestação em frente ao 12º Grupo de Artilharia de Campanha é apenas um recorte da realidade distópica do Brasil em novembro de 2022, onde correligionários do presidente de extrema-direita ocupam rodovias e pedem um golpe militar capaz de reverter o resultados das eleições.

Como é possível? A professora de Filosofia, escritora, artista visual e uma das principais vozes em defesa da democracia, Márcia Tiburi, fala em psicopoder e loucura coletiva na era da desinformação.

“É preocupante o nível de delírio de massa a que se chegou em quatro anos de governo Bolsonaro. As pessoas de verde amarelo a ocupar as ruas não são apenas desocupadas, mas foram conduzidas a um delírio como acontece nas seitas. O psicopoder não dá tregua. É preciso acordar essa gente”.

“Nós não aceitaremos um ex-presidiário como presidente do Brasil”. Foto: Flavio Gut
Realidade Paralela

A criação do mundo de ficção, a realidade paralela em que estão vivendo os manifestantes, porém, não tem nada de loucura. É algo orquestrado por inteligências globais, tem financiamento e propósito. Um modelo que se replica em muitos países. O que aconteceu nos Estados Unidos na derrota de Donald Trump é bem semelhante ao que acontece aqui.

Muitos analistas avaliavam, mesmo antes das eleições, quando já se prognosticava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, que Jair Bolsonaro tentaria por aqui a sua “invasão do Capitólio”. Ou seja, dar um jeito de tumultuar as eleições e criar um clima motivador para que seu correligionários fossem às ruas.

É o que se vê hoje. O presidente até agora não reconheceu diretamente a derrota, fez um pronunciamento dúbio, de 210 palavras em pouco mais de dois minutos onde, de certa forma, legitimou os protestos. Um dia depois, voltou a falar aos apoiadores pedindo que liberassem as rodovias, mas, mais uma vez, sem condenar as manifestações.

Fora da bolha da extrema-direita, no entanto, a vida continua. A transição de governo já começou e as forças democráticas se reorganizam. Não há realidade paralela que dure pra sempre. Uma hora a ilusão se desfaz.

Na tarde da quinta-feira, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, teve um encontro com o relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro, parte importante do processo de transição de governo que se inicia.

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, conversa com o relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro. Foto: Pedro França/Agência Senado
Consequências

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, falou mais uma vez e não deixou dúvidas das consequências para quem não aceitar os resultados das eleições: “Serão tratados como criminosos”.

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