O projeto de retomada do transporte ferroviário de cargas em Jundiaí deu um passo significativo com a decisão do Ministério dos Transportes de destinar uma área federal para o setor.
De acordo com portaria publicada recentemente, os bens da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) foram declarados como reserva técnica exclusiva para a expansão e melhoria da infraestrutura ferroviária.
Na prática, a medida permite que uma área de aproximadamente 257 mil metros quadrados, localizada na Avenida Antonio Frederico Ozanam, seja incorporada ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e futuramente concedida à MRS Logística, empresa que já opera no transporte ferroviário de cargas na cidade.
O espaço será utilizado para a instalação do Terminal Ferroviário de Jundiaí, que tem como objetivo reduzir gargalos logísticos e melhorar o escoamento da produção local.
O projeto conta com o apoio da prefeitura desde 2013. O prefeito Pedro Bigardi e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia participaram de negociações em Brasília para viabilizar a destinação da área ao transporte ferroviário.
“A publicação dessa portaria foi um dos passos mais importantes do processo até agora. Ela permite que a MRS possa, vencidos os trâmites administrativos e jurídicos, explorar a área para a retomada do transporte ferroviário. O fortalecimento desse modal de transporte deve beneficiar as empresas já instaladas e atrair novos investidores para a cidade”, disse Gilson Pichioli, diretor de fomento à indústria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Segundo estimativas da MRS Logística, a operação inicial do terminal prevê o transporte de cerca de mil contêineres por mês, distribuídos em quatro trens semanais – dois no sentido Jundiaí-Porto de Santos e dois na direção contrária. Cada trem contará com 21 vagões, equivalentes à carga de 50 caminhões.
A expectativa é de que o uso do modal ferroviário gere uma redução de aproximadamente 20% nos custos em comparação ao transporte rodoviário, além de contribuir para a diminuição da emissão de poluentes.
“O transporte ferroviário representa um ganho econômico e ambiental expressivo. A redução da dependência do transporte rodoviário impacta diretamente na sustentabilidade e competitividade das empresas que operam na região”, destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Marcelo Cereser.
De acordo com o gerente de projetos da MRS Logística, Marcelo Knudsen, a falta de infraestrutura adequada tem sido um entrave para que empresas localizadas em Jundiaí e região adotem o transporte ferroviário.
“Nós temos projetos importantes em Jundiaí para o desenvolvimento da distribuição de cargas, e isso passa diretamente pela operacionalização do Terminal Ferroviário”, afirmou Knudsen.
A MRS estima que o terminal possa entrar em operação ainda em 2016. O projeto também prevê melhorias na infraestrutura viária da região, como alargamento de vias, construção de acostamento e reforço na sinalização.
O montante do investimento que será feito pela empresa após assumir a concessão da área ainda não foi divulgado.